Pedido de Música

Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Melim potencializa vocação das canções de Djavan para o barzinho no álbum 'Deixa vir do coração' - Imprima FM

Melim potencializa vocação das canções de Djavan para o barzinho no álbum ‘Deixa vir do coração’

Resenha de álbum

Título: Deixa vir do coração

Artista: Melim

Edição: Universal Music

Cotação: * * * 1/2

♪ Embora pautado pela complexidade harmônica, o cancioneiro de Djavan paradoxalmente sempre se adequou ao tom descontraído dos barzinhos, luaus e rodinhas de violão. Talvez porque a música do compositor alagoano soe extremamente aconchegante quando tratada afetuosamente.

O trio fluminense Melim potencializa essa vocação popular da obra de Djavan em álbum, Deixa vir do coração, dedicado inteiramente às canções desse artista projetado em 1975 como um filho temporão da MPB surgida na década de 1960.

O título Deixa vir do coração reproduz verso da letra de Se… (1992), primeira das 13 músicas na disposição do disco gravado por Diogo Melim, Gabriela Melim e Rodrigo Melim com produção musical do guitarrista Max Viana, filho de Djavan.

Se… ressurge abordada pelo Melim em tom pop folk, com os violões em primeiro plano na gravação. A surpresa do álbum é a presença do próprio Djavan no sedutor registro de Outono (1992), requintada balada regravada pelo Melim com toque suave da guitarra de Max no arranjo.

A leveza dá o tom de Deixa vir do coração, disco lançado na sexta-feira, 11 de janeiro, em edição da gravadora Universal Music.

Mas já se vão 22 anos desde que Acelerou apareceu em consagrador álbum ao vivo do cantor no rastro do sucesso de Eu te devoro. O jovem de 1998 / 1999 já é tio em 2021. E nisso reside, também, o mérito do disco Deixa vir do coração.

A conexão do artista com o Melim certamente contribuirá para atrair o público jovem de 2021 para cancioneiro que nunca apelou para o popularesco para conquistar seguidores.

Basta ouvir Cigano (1989), de preferência com o próprio Djavan, para perceber o apuro desse cancioneiro, anos-luz à frente do pop produzido atualmente em escala mundial no mainstream do mercado fonográfico.

Por outro lado, a audição de Samurai (1982) sinaliza que nem todo mundo pode e saber cantar Djavan com o devido suingue e com todo o refinamento embutido em canções de aparência por vezes simples.

Melim com Djavan, convidado da gravação da balada 'Outono' — Foto: Sergio Blazer / Divulgação

De todo modo, a seleção musical do Melim facilita a absorção do disco. Balada apaixonada apresentada ao Brasil na voz cristalina de Gal Costa, Azul (1982) ficou com os tons pastéis do Melim – em cor similar à gravação de Lilás (1984) – enquanto o samba Flor de lis (1976) evoca a informalidade de um barzinho no canto solo de Gabriela Melim.

Justiça seja feita: o Melim se equilibra bem no balanço de Linha do Equador (1992) – parceria de Djavan por Caetano Veloso iluminada com suingue funky no álbum Coisa de acender (1992), de cujo repertório o trio também pegou as já mencionadas canções Se… e Outono – e ousa dar vozes a uma ou outra música menos batida do repertório do compositor, caso da canção Navio (1987), parceria de Djavan com Max Viana e Flávia Virgínia que, no disco, parece moldada para a doçura do Melim.

Ainda assim, são sucessos de melodias singulares, como a balada Oceano (1989), que irão facilitar a conexão da obra de Djavan com o público jovem do Melim. Nesse mesmo alto nível melódico, Nem um dia (1996) reitera o tom pop folk do disco do Melim em gravação que junta com o trio com o cantor Juliano Moreira.

Enfim, a graça do álbum Deixa vir do coração – título sugerido por Max Viana – é que o Melim canta Djavan como Melim, sem querer impressionar o nicho da MPB, habitualmente refratário à simplicidade pop dos dias de hoje.

Deixe seu comentário:

Face da Imprima

2022 © Direitos reservados - Rádio Imprima FM - Sistema Integrado de Comunicação Novo Nordeste