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“Desde cedo eu sabia que o meu caminho era a guitarra ou o surfe. Sendo que no surfe eu nunca fui muito bom”
admite Felipe Poeta, de 18 anos. Foi fácil escolher a música. Agora, ele começa 2021 com mais caminhos: as canções próprias, a produção musical e a universidade.
Em 2020, ele escreveu, cantou e produziu um EP com cinco faixas que misturam português e inglês, com base de rap e citações a sambas de Cartola e Paulinho da Viola apresentados a ele pela mãe, a jornalista Patrícia Poeta.
Ele acaba de montar um estúdio em sua casa no Rio, que vai ser a base da gravadora Tha House Company. Felipe se empolga com a chance de produzir outros artistas jovens como ele, em especial na efervescente cena de rap alternativo carioca.
E há uma terceira frente: ele foi aceito na Los Angeles College of Music, em um curso voltado a composição e produção. “Mas como estou abrindo a gravadora, o plano é ir só no fim do ano, em outubro”, ele diz. “Tem muita coisa acontecendo”, resume.
Os primeiros dias de 2021 foram dedicados à nova gravadora e aos contatos com outros artistas. Ele conta que já passaram pelo estúdio músicos como o rapper Rod, do grupo 3030, e a cantora Valentina Adamovich. Uma “track chiclete” do rapper Mogli está no forno, adianta Felipe.
Felipe Poeta — Foto: Divulgação
“A produção me ajuda a escrever, ter ideias, expandir para outras ‘vibes’. Mas se eu me aprofundo muito na técnica, isso tira um pouco do processo criativo”, ele diz. A ideia, então, é se equilibrar nas duas frentes – seguindo o modelo do produtor e cantor Pharrell Williams.
Entre suas principais referências musicais estão o rap inovador de nomes como J Dilla, Madlib e MF Doom (que morreu recentemente). Mas ele também vai do jazz de John Coltrane e Miles Davis ao r&b alternativo de Frank Ocean e Anderson Paak.
“Não sou Paulinho da Viola / Mas também não quero mais amar ninguém”, ele canta em “Ressaca”, uma das cinco faixas do seu EP, “Creation”. Não e a única referência ao samba no álbum. “Não sei mais se na minha vida passou um rio ou foi um furacão”, ele canta na mesma música.
Foi o som que ele cresceu ouvindo. “Isso passou da minha avó para a minha mãe. Era o que tocava nas festas da família. As harmonias que eu tinha na cabeça quando comecei a estudar eram de samba e bossa nova. Aí eu misturei isso com o boom bap (estilo de produção clássica do rap entre os anos 80 e 90)”, ele conta.
“Two steps” começa como um samba, cita Cartola e vira hip hop. Já “The drama effect” tem uma referência a “Lucifer”, de Jay Z. Essa letra tem um tom menos intimista e fala de injustiça urbana e violência policial.
“É uma violência que nunca sofri. Na minha escola eu vivia na famosa bolha. Mas, desde pequeno, meu pai (Amauri Soares, diretor da TV Globo) me levava na CUFA (Central Única das Favelas), e em espaços nas comunidades. Ele teve uma infância diferente da minha e queria que eu tivesse essa visão”, Felipe lembra.
“Eu gosto de contar sobre o que eu vejo, escrever, e isso ajuda até a me entender”, finaliza Felipe Poeta.