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Neste final de semana, o Flaming Lips fez dois shows em Oklahoma, nos Estados Unidos, com artistas e público em distanciamento social por meio de bolhas infláveis.
A banda de rock americana é entusiasta da tecnologia, mas antes, usava o balão inflável apenas para passar sobre o público em suas apresentações pré-pandemia.
No Brasil, desde 2013, Fernando e Sorocaba também fazem essa movimentação de entrar em bolhas e atravessar o espaço da plateia de ponta a ponta, sendo impulsionados pelas mãos do público.
Mas, para Sorocaba, a opção de fazer shows em bolhas, repetindo o feito do Flaming Lips, como opção de retomada das apresentações na pandemia de coronavírus é inviável.
“Não vejo viabilidade pra isso. Mas acho que o Flaming Lips sempre foi muito astuto”, explica o cantor sertanejo e empresário ao G1.
Para ele, a apresentação do grupo foi muito além de uma ação para tentativa de retomada do setor.
“Tem uma simbologia por trás desse show, tem um DNA artístico, no sentido de passar alguma mensagem.”
“É muito difícil de viabilizar, fazer isso com frequência. Mas acho que eles buscaram sim um símbolo pra dizer o quanto é complicada essa pandemia, o quanto está sendo complicado pros artistas. A classe artística está passando por um momento muito difícil, pouco se fala sobre isso”, diz Sorocaba.
“Eles sabiam que isso ia fazer barulho mundo afora e quiseram passar uma mensagem oculta com esse show nas bolhas.”
Desafio em bolhas
Sorocaba explica que o maior desafio de tornar esse show uma opção viável de retomada é o oxigênio. Ou, no caso, a falta dele.
“É uma bolha que, pra ficar armada, ela é 100% vedada. Então [o desafio] seria circular ar lá dentro.”
“Quando a gente fazia as bolhas nos shows Brasil afora, a gente tem um tempo que, lógico, não é curto, mas também não é um tempo longo. Tem um tempo que você pode ficar ali respirando aquele ar, senão começa a virar gás carbônico e você corre riscos.”
Segundo o jornal “The New York Times”, a apresentação do Flaming Lips para 200 pessoas durou cerca de 90 minutos.
“Pelo que entendo um pouco não tinha um cano que ficava jogando o oxigênio limpo e tirando o que estava lá dentro. E aquilo começa a embaçar. Se estiver muito quente, começa a embaçar e você não consegue ficar lá dentro. É um limitador”, analisa Sorocaba.
Na apresentação da banda americana, cada bolha foi equipada com um alto-falante suplementar de alta frequência, para evitar distorção do som.
O espaço tinha ainda uma garrafa d’água, ventilador movido a pilha, toalha e uma bandeira que poderia ser usada para indicar necessidades básicas como “tenho que urinar/está calor aqui”, para chamar um atendente.
Shows só pós-vacina?
Sempre de olho em novas tecnologias para trazer para as apresentações da dupla, Sorocaba não vê uma estratégia para a retomada dos shows antes da vacinação.
“O mundo inteiro está quebrando a cabeça em relação a isso, mas eu acho que o grande tchan é a vacina, não tem como escapar da vacina. Tem as movimentações, que o cara vai ficar isolado no quadradinho dele, pensaram tudo isso. Mas pra gente voltar a ter aquele contato, voltar a ter a energia que só um show de música de qualidade transmite, acho que só com a vacina.”
Na tentativa de tentar driblar os desafios gerados com a paralisação no setor de entretenimento há quase um ano, Sorocaba e outros artistas devem se reunir com alguns ministros nesta quarta-feira (27), em Brasília.
“Ninguém quer voltar a trabalhar antes da hora, a gente não é louco de querer brigar pra querer voltar. Mas acho que tem que ter um carinho, seja ele num crédito pra se pagar lá na frente pra um artista menor que paga impostos.”
“Foi feito assim nos países de primeiro mundo, por que a gente não pode tentar pleitear por aqui? Quando a agricultura vai mal, ajuda-se a agricultura. Quando a mineração vai mal, ajuda-se a mineração. O setor da aviação vai mal, vamos ajudar. Porque o setor do entretenimento teve quase zero? Por que isso acontece? É um setor que emprega milhões de pessoas“, defende o cantor.