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Ninguém ganha com a briga pública de Ludmilla com Anitta. Já triste em si, pela exposição de intimidades em áudios e prints, essa rivalidade ficará ainda mais feia quando saltar das redes sociais para o disco, ficando eternizada no single, Cobra venenosa, que Ludmilla lançará em 3 de julho com funk inédito composto pela artista fluminense com versos alusivos à treta com a colega carioca.
Não importa quem esteja com a razão na polêmica amplificada nos últimos dias, mas iniciada no ano passado com discordâncias em relação aos direitos autorais da música Onda diferente (2019), composta somente por Ludmilla, mas creditada também a Anitta e ao rapper norte-americano Snoop Dogg na gravação feita por Anitta no álbum Kisses (2019).
Quando duas mulheres vitoriosas se digladiam em público, sendo julgadas pelos implacáveis tribunais das redes sociais, o único possível vencedor da briga é o inimigo comum dessas mulheres: a parcela machista da sociedade que, no fundo, odeia ver mulheres no topo de qualquer segmento.
Nunca foi diferente no mundo do funk. Anitta e Ludmilla sofreram preconceitos e tiveram que driblar o machismo para se impor no universo do funk e das gravadoras, redutos musicais ainda gerenciados por homens. Ambas as cantoras venceram nas respectivas carreiras iniciadas nos anos 2010 e ajudaram inclusive a mudar a visão da mulher nas letras dos funks.
Antes geralmente retratada como mero objeto sexual, com o corpo posto a serviço do prazer masculino, a mulher ganhou voz ativa nos repertórios de Anitta e Ludmilla. Até para não tirar o foco dessas conquistas, Anitta e Ludmilla deveriam deixar a rixa restrita aos bastidores.
Quando Ludmilla traz essa briga para a música, compondo funk cujo refrão (“Eu disse limpa, limpa / Antes que caia dentro / Do cantinho da boca / Escorrendo o seu veneno”) soa como recado para a rival, a mensagem que chega, aos ouvidos externos, é a desvalorização de ambas por manter em foco com o single Cobra venenosa uma pendenga que – cabe enfatizar novamente – interessa somente ao inimigo machista.
Diante da aparente impossibilidade de reconciliação, as cantoras devem permanecer afastadas, sem qualquer relação profissional ou pessoal, mas distantes de polêmicas públicas que nada acrescentam às respectivas carreiras de Anitta e Ludmilla, servindo somente para alimentar o veneno dos que, no íntimo, se incomodam com o poder e com o sucesso massivo de duas vitoriosas mulheres vindas da periferia e atualmente no topo do universo pop.