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Boa noite, Brasil”. A saudação de Alcione ao pisar no palco da casa Vivo Rio na noite de sábado, 15 de agosto, foi a senha para o entendimento do novo normal na indústria do entretenimento musical.
A cantora fez a estreia do show Tijolo por tijolo no Rio de Janeiro (RJ) – cidade que a acolheu em 1968 e na qual a artista maranhense obteve contínuo sucesso nacional a partir de 1975 – mas os seguidores cariocas de Alcione não estavam presencialmente na plateia.
Tudo – cenário, figurino, iluminação, a presença de toda a Banda do Sol, a dimensão do palco da Vivo Rio e até um atraso de 20 minutos – indicava tratar-se de show convencional. A diferença foi a ausência do público nas mesas e camarotes da casa.
Dando passo adiante na história das lives, Alcione pôs de pé o inédito show Tijolo por tijolo – show tradicional de carreira, inspirado pelo homônimo álbum Tijolo por tijolo, lançado pela cantora em 29 de maio – em apresentação virtual, o que deu pleno sentido à saudação da artista ao entrar em cena.
Transmitida ao vivo pela plataforma On Stage para quem comprou o ingresso solidário de R$ 10, a estreia do show Tijolo por tijolo foi programada dentro do projeto Vivo Rio em casa. Sob direção da irmã Solange Nazareth, Alcione ergueu Tijolo por tijolo com a argamassa que vem assentando a popularidade da cantora nos últimos 45 anos.
O show foi criado com visual elegante dentro dos padrões de Alcione. Sem as habituais cores vivas, o figurino da artista combinou com os cabelos atualmente brancos dessa grande cantora, cuja voz fez – como de costume – toda a diferença na apresentação de roteiro de sucessos em que a artista inseriu seis das 14 músicas do álbum Tijolo por tijolo.
Com muitos lampejos dos velhos tempos, essa voz entortou sambas como Rio antigo (Nonato Buzar e Chico Anysio, 1979) e Primo do jazz (Magnu Souza e Nei Lopes, 2005), confirmando que Alcione nunca foi uma cantora qualquer, e ecoou o lamento das cantoras de blues quando a intérprete deu voz àquelas chorosas baladas travestidas de samba de que Alcione e o público dela tanto gostam.
Tanto foi assim que Mulher ideal (Michael Sullivan e Carlos Colla, 2002) venceu o samba Gostoso veneno (Wilson Moreira e Nei Lopes, 1979) na enquete virtual para escolher a música do “bis”, feito após o canto de Não deixe o samba morrer (Edson Conceição e Aloísio Silva, 1975), em tese a última das 28 músicas do roteiro.