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O presidente Jair Bolsonaro foi internado, na madrugada desta segunda-feira (3), em um hospital em São Paulo por causa de uma obstrução intestinal. Ele foi levado à capital paulista após sentir dores abdominais durante férias em Santa Catarina.
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência (Secom) informou que o presidente passa bem. Bolsonaro já havia enfrentado o mesmo problema há cerca de seis meses. Em uma publicação no Twitter, o presidente disse que é possível que precise passar por uma cirurgia.
A obstrução intestinal é um bloqueio parcial ou total da passagem das fezes pelo intestino. Em 2018, durante a campanha eleitoral,Bolsonaro sofreu uma facada que perfurou o intestino grosso; desde então, o presidente já passou por quatro cirurgias em decorrência do episódio.
Entenda, abaixo, detalhes sobre obstrução intestinal:
A obstrução intestinal ocorre quando há o bloqueio parcial ou total da passagem das fezes pelo intestino. O motivo do bloqueio pode estar associado a diferentes condições médicas.
“Obstrução intestinal é qualquer impedimento relacionado a passagem do bolo fecal pelo intestino, seja no intestino fino, que é o intestino delgado, seja no intestino grosso”, explica a gastroenterologista Maíra Marzinotto.
Os sintomas (veja infográfico abaixo) da obstrução podem envolver cólica, vômitos, prisão de ventre (obstipação ou constipação intestinal) e distensão abdominal, que é o estufamento do abdômen. Esse estufamento pode causar soluços, como os que o presidente teve no ano passado.
“A obstrução intestinal – por ser uma causa de distensão de alças intestinais – pode, eventualmente, irritar o diafragma, causando soluços”, afirmou, na época, a gastroenterologista Maíra Marzinotto.
Um sinal de alerta para o problema é não conseguir eliminar fezes e gases: a evacuação é considerada normal quando ocorre de uma a três vezes por dia ou uma evacuação a cada três dias.
Depois desse período de três dias, as fezes vão se solidificando, por causa da absorção de água no intestino grosso, e fica cada vez fica mais difícil para que elas saiam. Supositórios ajudam em fases iniciais, mas, em alguns casos, é necessário cirurgia.
A obstrução intestinal pode estar associada a aderências intestinais(veja detalhes mais abaixo), tumores, hérnias, diverticulites, cálculo biliar e outros. A síndrome do intestino irritável também pode ser uma das causas.
Maíra Marzinotto, que atua no Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que cirurgias abdominais anteriores podem causar “aderências” no intestino, o que leva à dificuldade na passagem das fezes.
“Podem existir aderências em seu abdômen e elas podem causar, eventualmente, essa dificuldade na passagem do conteúdo pelo intestino”, explica a especialista.
Alexandre Sakano, gastroenterologista e cirurgião na Beneficência Portuguesa, explica que o “intestino é todo soltinho dentro da barriga”.
Quando a pessoa passa por uma cirurgia no intestino, formam-se aderências: “gruda um pedacinho no outro. E isso faz com que a mobilidade do intestino fique limitada, igual uma mangueira de jardim que você guarda mal enrolada”, diz Sakano.
Em entrevista ao g1 em julho de 2021, o médico lembrou que, na cirurgia de urgência que Bolsonaro fez depois da facada, o presidente precisou de uma colostomia, e, depois, teve hérnia.
“Ele teve várias cirurgias que mexeram bastante (no intestino) e sempre vai formando cada vez mais aderências. E isso predispõe à formação de aderências e, por fim, da obstrução”, completou.
O estresse também é uma causa possível de problemas intestinais no geral (prisão de ventre ou diarreia), já que o o intestino tem seu próprio sistema nervoso, que está ligado ao cérebro através de ramificações.
Embora não possa ser associado diretamente ao quadro do paciente Jair Bolsonaro, a medicina reconhece que, quando a pessoa se estressa, há uma diminuição do fluxo sanguíneo em órgãos vitais do corpo, inclusive no intestino. No caso das mulheres, é muito comum o intestino travar durante viagens, por exemplo, ou quando há um pico de estresse.
Na maioria dos casos, não há necessidade de cirurgia.
O médico Marcelo Borba, coordenador Núcleo de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Sírio-Libanês explica que uma cirurgia de emergência, em princípio, só é feita se houver comprometimento de circulação no intestino por causa das aderências.
A primeira intervenção é o uso de uma sonda nasogástrica, além de manter o paciente em jejum. O presidente divulgou uma foto em que aparece com uma sonda:
“[A sonda nasogástrica] entra pelo nariz e vai até o abdômen. Isso é para descomprimir o líquido, é para tirar o líquido, é o primeiro tratamento que se faz. É jejum e essa sonda. E hidratação para aguardar a evolução”, diz o médico.
Alimentação e exercício são importantes para prevenir problemas intestinais: os hábitos de vida e alimentares provocam até 95% dos casos de prisão de ventre. É importante incluir fibras na alimentação, ingerir água, praticar exercícios físicos e respeitar a vontade de evacuar.