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♪ ANÁLISE – Nascido em 4 de maio de 1961, em João Pessoa (PB), o paraibano Herbert Lemos de Souza Vianna chega hoje aos 60 anos com motivos para celebrar a vida que quase lhe escapou há 20 anos quando, em 4 de fevereiro de 2001, acidente de ultraleve o deixou paraplégico.
De volta à cena em julho de 2002, após recuperação milagrosa, o cantor, compositor e guitarrista continua em plena atividade, esperando a reabertura dos palcos para retomar a agenda de shows da banda carioca Paralamas do Sucesso, da qual faz parte desde fins de 1981 com Bi Ribeiro e João Barone.
A celebração do 60º aniversário de Herbert Vianna deve ser estendida à obra musical construída pelo compositor – sobretudo antes do acidente – em trajetória profissional que contabiliza quatro décadas neste ano de 2021. Herbert Vianna está entre os grandes compositores da geração pop que projetou em escala nacional o rock feito no Brasil a partir dos anos 1980.
Se comumente os nomes de Cazuza (1958 – 1990) e Renato Russo (1960 – 1996), e até mesmo o de Arnaldo Antunes, costumam aparecer na frente do Herbert em relações de compositores daquele década, é porque as obras de Cazuza e das bandas Legião Urbana e Titãs alcançaram dimensão social maior do que a do grupo Paralamas do Sucesso, embora, no posto de principal compositor deste trio poderoso, Herbert tenha disparado petardos políticos como Pólvora (1989) e O calibre (2002).
Isso para não falar de Alagados (1986), emblemática parceria do compositor com Bi e Barone cuja gravação foi pioneira ao derrubar o muro que separava roqueiros de ícones da MPB. Com Bi, Herbert também fez O beco (1988), angustiado flash noturno de inquietações existenciais e ódios urbanos.
Contudo, na memória popular, o cancioneiro autoral de Herbert Vianna é povoado sobretudo por baladas pop românticas – e canções de amor tendem a ser preconceituosamente minimizadas em inventários geracionais.
Injustiça! À medida que o tempo passa, fica mais nítida a beleza atemporal de canções como Lanterna dos afogados (1989), Meu erro (1984) – devidamente dimensionada por Zizi Possi em gravação de 1989 – e Quase um segundo (1988).
Sem contar as grandes canções fornecidas por Herbert para cantoras como Dulce Quental e Ivete Sangalo – Caleidoscópio (1987) e Se eu não te amasse tanto assim (1999, parceria do compositor com Paulo Sérgio Valle), respectivamente – e as duas luminosas parcerias com Paula Toller, Nada por mim (1985) e Derretendo satélites (1998), ambas apresentadas na voz de Paula (a primeira como vocalista do Kid Abelha).
Enfim, se o trio Paralamas do Sucesso sempre foi reverenciado como a grande banda que é, o a partir de hoje sexagenário Herbert Vianna tem obra autoral que ainda precisa ser corretamente reavaliada e mensurada com a devida grandeza, sobretudo o cancioneiro pop romântico apresentado dentro e fora do grupo.