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Cynthia Luz sorri, do outro lado da tela, com ohinhos brilhando, realmente. “A ficha ainda não caiu”. A entrevista, realizada na terça (15), antecipava o lançamento do DVD “Não É Só Isso”, o primeiro da carreira da cantora dona de uma docíssima voz rouca que flutua entre R&B e pop, transmitido ao meio-dia de hoje (18) e disponível na íntegra no YouTube e nas plataformas digitais.
“Era um sonho conseguir realizar este DVD em 2020”, ela admite. Com 26 anos de idade, Cys (como é chamada entre fãs e na intimidade) cresceu em meio à popularização do formato de registros de shows ao vivo (que, até a chegada das plataformas de música digitais) eram os responsáveis por sustentarem a capenga indústria fonográfica.
Faz sentido, portanto, que Cynthia ainda fizesse questão de se ver em um formato como esse.
DVDs, aliás, ainda são ultra importantes para outros mercados, como do sertanejo, o arrocha e outros gêneros extremamente populares. No âmbito do hip-hop (e da música pop), o formato foi relegado e substituído pela furiosa necessidade de lançamento de singles, clipes, EPs, mixtapes e outros registros feitos no estúdio.
Com o ao vivo “Não é Só Isso”, Cynthia Luz prova não ser uma cantora como tantas outras. Mineira e criada no interior de São Paulo, ela tem uma trajetória iniciada nos louvores das igrejas dos pais pastores, já foi chamada de rapper, tem quatro álbuns de estúdio (um com o marido, produtor e rapper Froid) lançados em três anos, possui 2,5 milhões de ouvintes no Spotify e 665 mil seguidores no canal do YouTube.
A cada novo disco, a artista mostra mais consciência de quem é, de fato, como artista. A experiência de ouvir “Do Caos ao Nirvana”, álbum de 2017, por exemplo, e partir para “Não É Só Isso”, o disco de inéditas lançado em setembro deste ano e transportado para o DVD, é um espanto. Maturidade estética, confiança na voz e, principalmente, autoconsciência e autocuidado.
“Não É Só Isso” foi um disco nascido crise, aliás. Ela revela ter um quadro de depressão durante a pandemia do coronavírus.
“De certa forma, todo mundo sentiu a pandemia de algum jeito. Para mim, foi muito difícil ficar sem shows. Foi uma coisa que realmente me abalou de uma forma que eu não sabia, não esperava. Eu sabia o quanto eu amava fazer shows. É a parte favorita da minha carreira, mas não imaginava que ficaria tão mal. Fiquei sem saber o que iria acontecer.”
O período de “Efeito Violeta”, álbum dela lançado em 2019, até aqui, foi de transformações, ela explica. Mudou tudo, da equipe que a acompanhava à cidade na qual vivia (ela deixou São Paulo e, atualmente, vive em Brasília com Froid).
Essas tantas mudanças causam um impacto natural na criação de novas canções. Imagine um artista que tinha 65 feitas músicas para o primeiro álbum (ela deixou São Paulo e, atualmente, vive em Brasília com Froid)
Essas tantas mudanças causam um impacto natural na criação de novas canções. Imagine um artista que tinha 65 feitas músicas para o primeiro álbum (como ela contou ao UOL em 2019, em um perfil escrito por Osmar Portilho) que, três anos depois, se vê com a cabeça vazia de ideias?
“No início, eu não sabia que passava por aquilo. Mas a gente vai percebendo. Eu não tinha ideia do meu nível emocional. Estava há muito tempo sem produzir alguma coisa própria. Tive transições, mudei para Brasília, mudei de equipe. Essas mudanças não me deixavam compor. Aqui em Brasília, meu marido ficava compondo o dia inteiro. Eu tinha amigos produtores em todo o Brasil. Comecei a me mexer neste sentido.”