O produtor italiano é coautor das dez primeiras músicas gravadas pelo sexteto de atores de “Rebelde”, série da rede mexicana Televisa.
O RBD era o grupo musical dessa trama, exibida originalmente entre 2004 e 2006. A banda durou um pouco mais, até 2009, com shows no Brasil e reexibições dos episódios no SBT. Em setembro, as músicas finalmente chegaram aos serviços de streaming, batendo recordes.
Assim que atende o telefone do estúdio dele, em Los Angeles, Max avisa: “Se você quiser posso te contar toda história, ou pelo menos do que eu me lembro”. Ele já emenda com uma risada, a primeira de muitas durante a conversa.
O simpático compositor de “Sálvame”, “Un Poco de Tu Amor” e “Rebelde” descreve o início do trabalho como um caos, com “muita gente envolvida”. O produtor da novela, Pedro Damián, e o letrista Carlos Lara, eram os principais nomes do time.
“No começo, tudo foi meio caótico, muito complicado”, recorda Max, rindo. “Eram muitas pessoas diferentes e cada uma tinha sua própria opinião. Mas eu era o cara que criava as músicas.”
“Outro problema é que eles não eram tão bons no começo, porque eles eram jovens, né? Eles não tinham experiência mesmo. Depois de meses de trabalho, tentando terminar as músicas, no fim saímos com um produto, com um álbum. Mas eu nem me lembro qual era o título dele.”
“Rebelde” (2004) e “Nuestro Amor” (2005) eram os títulos dos álbuns dos quais ele está falando. Max escrevia as melodias e Lara fazia as letras. Entre o primeiro rascunho, sempre em inglês, e a versão final, eram precisos até quatro meses de trabalho.
Uma parte dos vocais era gravada em Los Angeles e outra parte era gravada na Cidade do México, porque eles não podiam ir para os Estados Unidos. “Tinham problemas com o visto, eu acho.”
“Tinha outro engenheiro de som no México que trabalhava no CD. Ele gravava os vocais e mandava para mim. Eu corrigia tudo com o Pro Tools”, lembra rindo, ao citar o software de edição de áudio, usado para corrigir vozes desafinadas.
“Eram seis atores ou cantores, se você quiser chamá-los de cantores.”
Quando Max di Carlo foi chamado para criar o repertório do “Rebelde” o pedido era de “algo diferente do que havia no mercado latino”.
O pop em espanhol era ainda mais romântico e meloso. Max conta que escreveu as músicas pensando em algum cantor americano, não eram para pensadas para um artista latino.
“Compus algumas músicas mais rock, com um conceito um pouco diferente no meu estúdio. A primeira música, claro, foi ‘Rebelde’.” Os arranjos tinham mais violão, guitarra, baixo, bateria…
“Eu tenho certeza que uma parte do sucesso do RBD foi por ele ser latino, mas ser bem diferente do que era a música latina. Eu sou principalmente um guitarrista, meu instrumento favorito é o violão. Tudo o que você ouve no álbum, a maioria sou eu tocando”.
Aquele violão do começo de ‘Rebelde’ é você tocando?
“Sim”, responde ele.
Então, você é muito famoso no Brasil.
“Obrigado”, agradece, rindo. “Eu sei que as pessoas conheciam no Brasil, mas claro que morando aqui eu nunca pude entender o tamanho disso.”
Massimiliano Di Carlo começou a carreira como produtor na Itália, nos anos 80. O começo foi produzindo sons da cena do dance spaghetti.
Era um pop dançante de artistas italianos como Flavia Fortunato e Gary Low: “Eram desconhecidos, mas depois ficaram famosos.”
Depois disso, Max se mudou da Itália para os Estados Unidos, onde passou a produzir quase só latinos. Nos anos 90, trabalhou com a Thalía, Shakira e Ricky Martin.
Antes de “Rebelde”, ele trabalhou em canções para uma novela que seria chamada “Linda”. “Era um projeto que tinha vindo antes do RBD, era a ideia original, pré-original. Antes de mudarem tudo e trazerem aqueles outros jovens”, explica.
A história de Max com o RBD também envolve uma faceta ghost writer. “Otro día que va” e “Aun hay algo”, por exemplo, foram escritas por ele, mas o nome que consta é o da esposa.
“Naquela época, eu estava preso a um contrato de exclusividade com outra editora. Não podia botar o meu nome. Então quando você vê o nome da Karen Sokoloff, na verdade, sou eu.”
Nos últimos 20 anos, o compositor passou a se dedicar às trilhas de filmes italianos e americanos. Mas guarda com carinho os tempos de rebeldia. “Foi uma ótima experiência.”
Fonte G1.