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Matuê bate recorde nas paradas com rap que une influência de Chorão a 'experiências psicodélicas' - Imprima FM

Matuê bate recorde nas paradas com rap que une influência de Chorão a ‘experiências psicodélicas’

A lista de músicas mais tocadas em streaming no Brasil nunca teve tantas faixas de rap nacional nos primeiros lugares – todas do mesmo artista.

“Elas ficam bem soltas, bem aleatórias ali, né? Têm dois ‘funkão’, aí Matuê, aí depois dois sertanejos, e Matuê”, descreve o próprio cantor.

O rapper cearense teve a melhor semana de estreia de um disco na história do Spotify no país. “Máquina do tempo” saiu em 10 de setembro e emplacou todas as sete faixas entre as 15 mais tocadas no Spotify no Brasil no dia, um feito inédito.

Outra barreira quebrada: as faixas foram ouvidas 23,7 milhões de vezes em sete dias, superando recordes semanais anteriores de álbuns Lady Gaga e Anitta, segundo o Spotify.

As faixas cheias de psicodelia, sexo e efeitos de voz furaram a bolha dos fãs de trap. O subgênero do rap, de batidas arrastadas e graves, é popular há vários anos nos EUA e cresce no Brasil.

Quem é Matuê?

“Máquina do tempo” é o primeiro álbum de Matheus Brasileiro Aguiar, 26 anos. Mas sua carreira já ganha força há quatro anos em faixas avulsas. Com sucessos como “Anos luz” e “Kenny G”, acumulou fãs e detratores.

O trap feito de forma mais acessível e melódica gerou reação de gente que posa como entendida do estilo nas redes sociais. A frase “Matuê não é trap” virou quase um bordão, repetida nas redes por gente que torce o nariz para ele.

O próprio Matuê já brinca com essa “acusação” de que não faz trap de verdade. Em “A morte do Autotune” (2018), ele citou de forma dramática o efeito de voz comum no trap. No hit “Kenny G” (2019), imitou com desprezo os fãs de rap que falam “eu não gosto de Matuê, não”.

EUA e Ceará

Um fato em sua biografia virou lenda entre fãs e “haters”. Matuê morou nos EUA entre a infância e a adolescência. Mas ao contrário do que se diz nas redes, não houve glamour. Ele resume a experiência na gringa, dos 8 aos 11 anos, como “interessante”:

“Meus pais botaram tudo a jogo para ir para lá e de início a gente tinha só o básico. A gente estava até em uma situação de dormir no chão inicialmente. E com o passar do tempo, quando você começa a conquistar o básico, começa a ter uma vida digna”.

Lá, ele acompanhou os movimentos de rap e trap mais de perto. Mas a família teve que voltar para o Ceará para ficar perto da avó, que estava com câncer. Professora de artes, ela foi responsável por memórias de música do Nordeste na infância.

“Apesar de não ter sido uma coisa de educação, foi mais ‘vamos brincar ali’, ela tocando acordeon, tocando teclado e muito forró, bem tradicional da nossa cultura. Isso ficou com certeza, ficou muito”, diz.

“Infelizmente ela faleceu um ano depois e, para mim, isso foi uma situação muito difícil, porque eu não tinha muita conexão com as outras pessoas da minha família. Ela, para mim, era a guia, era a pessoa que me criava”, ele lembra.

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