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A foto ao alto flagra Berenice (Denise Fraga) e Felipe (Caio Horowicz) – mãe e filho no roteiro do filme Música para morrer de amor, em cartaz desde 20 de agosto em plataformas de streaming – em cena tradutora do tom pop melodramático que pauta o longa-metragem escrito e roteirizado por Rafael Gomes.
Na cena, mãe e filho se irmanam na sofrência quando unem vozes para destilar as mágoas de Não aprendi a dizer adeus (Joel Marques, 1990), uma das mais belas canções do universo sertanejo, popularizada em escala nacional nas vozes de Leandro & Leonardo em gravação feita pela dupla em 1991.
Inspirado pela peça Música para cortar os pulsos (2009), aclamada encenação que projetou o nome de Rafael Gomes nos palcos nacionais, o filme narra os acontecimentos amorosos que originaram os três monólogos do texto teatral, aplaudido por público jovem, normalmente ausente das plateias de teatro.
Como o título do filme já sugere, a música atua como personagem que sublinha os (des)encontros do trio formado por Felipe, Isabela (Mayara Constantino) e Ricardo (Victor Mendes) na paisagem cinzenta da cidade de São Paulo (SP). Três da madrugada (Carlos Pinto e Torquato Neto, 1973), por exemplo, realça o desalento de personagem na voz de Gal Costa.
Entrando no clima, cantores fazem participações especiais no filme. César Lacerda e Clarice Falcão, por exemplo, são vistos cantando, nas ruas de Sampa, as respectivas músicas Isso também vai passar (2017) e Eu esqueci você (2013). Fafá de Belém interpreta Abandonada (Michael Sullivan e Paulo Sérgio Valle, 1996) no mesmo bar em que Berenice e Felipe cantam a sofrência de Leandro & Leonardo.
Autor e intérprete de Volta (2016) e Ela (2017), canções ouvidas ao longo do filme, Tim Bernardes faz figuração numa cena. Milton Nascimento canta A festa (2003), com a letra de 2018, em show que serve à ação do roteiro.
O filme Música para morrer de amor se nutre de canções de (des)amor que pautam a trilha sonora pavimentada sob a direção musical de Marcus Preto. Integradas ao roteiro, as músicas e as intervenções dos artistas – como a de Maria Gadú com Maurício Pereira na interpretação em dueto de Trovoa (2007), canção dele gravada por ela em 2015 – soam naturais e realçam a fluência pop do roteiro desse filme apaixonante.
No fecho, enquanto rolam os créditos do filme, gravação inédita de Como 2 e 2 – canção de Caetano Veloso lançada na voz de Roberto Carlos em álbum editado no mesmo ano de 1971 em que Gal Costa apresentou a música no show Fa-Tal – Gal a todo vapor, registrado em disco ao vivo – é ouvida na voz de Helio Flanders. É mimo para os espectadores desse filme jovial, tão pop quanto melodramático, feito de som e da fúria passageira da paixão.