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Milton Nascimento foi apresentado pelo ator Dan Ferreira na introdução da primeira live do cantor como “a onça verdadeira”, em alusão ao apelido Yauaretê que Milton ganhou de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) e com o qual batizou álbum lançado em 1987.
E foi como “o rei da floresta” – como também o caracterizou Jobim – e como o “Chico Rei” da MPB que esse carioca de alma musical mineira deu voz a grandes títulos do cancioneiro autoral na live intitulada Num domingo qualquer, qualquer hora.
O nome dessa transmissão ao vivo pela internet – acompanhada na noite de domingo, 28 de junho, por público que chegou a totalizar mais de 162 mil espectadores simultâneos – foi extraído da letra de Nada será como antes (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971), canção por isso mesmo escolhida para abrir o roteiro autoral.
Confinado em Juiz de Fora (MG), Milton cumpriu a missão dos verdadeiros artistas e foi até onde está o povo consciente da necessidade de manter o isolamento social – em casa – para oferecer “música em forma de amor”, como ressaltou Dan Ferreira na introdução afetuosa da live.
Acompanhado pelos músicos Christiano Caldas (nos teclados e na sanfona) e Wilson Lopes (na direção musical e no violão), Milton enfileirou infalível sequência de canções que reiteraram a grandeza singular do universo autoral do compositor.
O encadeamento de músicas como Caçador de mim (Luiz Carlos Sá e Sérgio Magrão, 1980), Saídas e bandeiras (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1972), Tudo que você podia ser (Lô Borges e Márcio Borges, 1972), Paisagem da janela (Lô Borges e Fernando Brant, 1972), Dos cruces (Camilo Larrea, 1952), Clube da esquina (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges, 1970), Quem sabe isso quer dizer amor (Lô Borges e Márcio Borges, 1980), Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1977), Para Lennon & McCartney (Márcio Borges, Lô Borges e Fernando Brant, 1970) – esta com acento jazzy no arranjo – e Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975) expôs a força perene de cancioneiro que abriu caminhos na MPB dos anos 1960 e 1970.
Enquanto cantou Cais, parceria com Ronaldo Bastos que apresentou no álbum Clube da Esquina (1972), Milton foi ao piano citar o antológico arranjo criado por Wagner Tiso para a gravação original de 1972.
Já O cio da terra (Milton Nascimento e Chico Buarque, 1977) e Morro velho (Milton Nascimento, 1967) tiveram a inspiração rural evocada pelo toque da sanfona de Christiano Caldas.
Entre beijos mandados para amigos artistas (Criolo, Danilo Mesquita, Fafá de Belém, Maria Gadú e Samuel Rosa, entre outros nomes) e louvações aos produtos dos patrocinadores da live, o cantor fez Promessas do sol (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) e saudou o parceiro Fernando Brant (1946 – 2015) antes de cantar Outubro (1967).
Em determinado momento, o cantor pegou a sanfona para reviver Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) em número já conhecido do público assíduo dos shows do artista. A sanfona, então já a cargo de Christiano Caldas, também pontuou a interpretação de San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1972).
Na parte final do roteiro, turbinado com sucessos certeiros como Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976), a canção Nos bailes da vida (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) sintetizou o espírito da música amorosa e gregária do artista que, mais uma vez, foi onde o povo está, tendo sido recepcionado com dose igual de amor por esse povo.