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O primeiro álbum do Black Eyed Peas após a saída de Fergie, lançado em 2018, era uma volta ao hip hop mais politizado e romântico do começo da carreira. Quem botou “Masters of the Sun” para tocar teve dificuldade de rebolar como nos hits que o grupo lançou nos anos 2000.
Mas esse Black Eyed Peas aí já era. “Translation” chega nesta sexta-feira (19) evocando, de novo, o som festivo do agora trio de reggaeton.
A lista de convidados (quase todos latinos) é matadora, o reencontro do trio com as batidas dançantes combina com a onda de nostalgia deste ano, mas o álbum mostra will.i.am, Apl.de.ap e Taboo em fase pouca inspirada.
O álbum vale mais pelo time de peso nos “feats”, com destaque para a seleção colombiana formada por Shakira, J Balvin, Maluma e Piso 21.
O disco tem ainda o porto-riquenho Ozuna; a mexicana Beck G, o dominicano El Alfa e os americanos Tyga e Nicky Jam. Faria sentido, mas “eXplosion”, parceria com Anitta de setembro do ano passado, ficou de fora.
“Ritmo” abre o álbum, com a banda se unindo a J Balvin. Lançada em outubro de 2019 e também inserida na trilha de “Bad Boys Para Sempre”, ela toma emprestado o refrão de “The Rhythm Of The Night”, hit dance do Corona de 1993, com voz da brasileira Olga de Souza.
Não é a primeira vez que a banda usa um refrão antigo que todo mundo sabe de cor. “The Time (Dirty Bit)” estourou em 2010 por evocar os versos de “(I’ve Had) The Time of My Life”, tema do filme “Dirty Dancing”.
Outro single lançado antes do álbum, “Mamacita” (com onipresente Ozuna) tem sampler de “La Isla Bonita”, da Madonna. O vocal enjoativo e irritante de J Rey Soul, a nova cantora do grupo que esteve com eles no Rock in Rio, faz com que a música não decole.
Mas claro que nem tudo está perdido. Com um clipe bem sacado e alguma insistência, músicas como “Girl like me” (a melhor do álbum, com Shakira) e “Fell the beat” (com Maluma) até que têm força para uma subida nas paradas.
Outras menos impactantes como “I woke up” e “Vida loca” (com Tyga e Nicky Jam) são opções aceitáveis para uma vaga na sua playlist de latinidades dançantes.
Mesmo assim, “Translation” apresenta, no geral, um Black Eyed Peas meio perdido na tradução. Há versos em espanhol meio forçados, artificiais.
Fazem falta as mudanças de ritmo e dinâmicas de clássicos do pop anos 2000 como “I gotta feeling” ou até de hits menos nobres como “My humps”. Neste novo álbum, tudo meio que se transforma em uma massaroca sonora.
Nas primeiras audições, não há sequer um refrão que cole. Não há uma letra que te faça pensar “putz, que frivolidade gostosa, isso é muito Black Eyed Peas”.